terça-feira, 28 de junho de 2011

Histórias de histórias

As professoras do meu filho, que está no N5 bilíngue, elaboraram uma tarefa que mobilizou todo mundo aqui em casa. Precisamos montar uma caixa, que deve ter a cara da família, na qual, como primeira tarefa, devem constar registros das histórias de que o pai e/ou a mãe gostavam quando crianças, registrando tb o título em inglês... Imaginem de quem eu falei? Segue o textinho que elaborei para a tal caixa... Ah, amanhã postarei a foto da caixa, pq agora estou com muita, muita pressa...

“MEMÓRIAS DE EMÍLIA” – MONTEIRO LOBATO

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“EMÍLIA’S MEMORIES” – MONTEIRO LOBATO

Quando eu tinha mais ou menos a idade que o meu filho, João Pedro, tem agora, começou a passar na TV um seriado chamado “O Sítio do Pica-Pau Amarelo”. No começo, não gostei muito da ideia, porque adorava a Vila Sésamo, o seriado que saiu do ar para que o Sítio entrasse. Foi só no começo...

Quando fui para a primeira série, tinha aula à tarde, numa escola que ficava bem pertinho da minha casa. Meus colegas e eu saíamos correndo quando acabava a aula, às 17h, porque às 17h15min começava “O Sítio”. Não dava para perder um segundinho – e ainda havia reprise de manhã.

Um dia, na aula, a minha profe, a Dona Nise, disse que as histórias do Sítio estavam em livros de um “tal” de Monteiro Lobato. Ficou de trazer um para que nós víssemos, mas sempre esquecia... Foi quando resolvi pedir para que meu pai comprasse um. Um dia, na volta de uma das muitas viagens que ela fazia a trabalho, trouxe um exemplar de “Memórias de Emília” – exatamente o que estava passando na TV na época. Dei um jeito de passar do “Ivo viu a uva” da cartilha escolar para as deliciosas páginas do Tio Lobato. Não sei como fiz isso – vai ver, de teimosa que sou.

Claro que, depois de descobrir que a história da TV não era tão bacana quanto a do livro, o seriado perdeu um pouco a graça. Até o achei meio mentirosinho. Arrumei algumas encrencas na escola por causa disso, mas nada de grave. Mas o que aprendi, mesmo sem o saber na época, é que o livro é, como queria o Tio Lobato, todo um mundo em que crianças e adultos podem morar dentro.

Bem, hoje, depois de bem grandinha, continuo lendo as histórias do Lobato. Com outros olhos – os de pesquisadora, claro. Mas sempre encantados, encontrando, em cada esquina de palavras, alguns dos passes de mágica que me enredaram por esse universo mágico da literatura.

terça-feira, 21 de junho de 2011

Pedro Bandeira defendendo a leitura de Monteiro Lobato HOJE

Oito minutinhos bem empregados: vale a pena assistir a esse vídeo do Bandeira defendendo a leitura de Monteiro Lobato hoje: http://youtu.be/D6rIXEbQb-s

Congresso Nacional do Medo - ilustrado para o II fascículo de 2011 do Projeto Ler



Para lembrar e dar os devidos créditos: o ilustrador dos fascículos do Ler é o Sinovaldo.
 

Lançamento do meu livro - agradecimentos

Queridos(as)!

     Quero deixar aqui registrada a minha profunda gratidão por todas as manifestações de carinho no sábado, 18/06, lançamento do meu livro e meu aníver de 40 aninhos. Foi muito emocionante não apenas pelo fato de que o auditório da Faccat estava lotado por lotar, mas que estava repleto de gente querida, amiga, que veio sinceramente prestigiar o meu livro. Agradeço a presença, o incentivo e a paciência de esperar naquela enorme  fila de autógrafos (que me angustiou um pouco, confesso).
    Registro a presença das minhas colegas da Fundação (Dir. Déborah, Gislaine, Noeli, Daniel), das minhas ex-alunas de Letras, formadas em 2007, 2008, 2009 e 2010, dos(as) alunos(as) de Letras e de Pedagogia, dos(as) alunos(as) da Pós em Metodologia, das minhas orientandas e ex-orientandas da graduação e da pós, das minhas colegas do curso de Letras e de Pedagogia, minha colega da PUC, e dos meus familiares: marido, filho, mãe, pai, madrinha, padrinho, comadre, compadre... Enfim, agradeço a todos que levantaram cedo no sábado, que vieram de longe (ou de perto!) naquele dia chuvoso...  Além disso, também sou grata a todos os "parabéns" que recebi por e-mail e pelo Facebook de pessoas que não puderam comparecer...

   Também quero agradecer as pessoas que se envolveram diretamente na "muvuca" de organizar esse evento, pois sem elas, não teria tido todo esse privilégio: as minhas colegas Juliana e Liane, que muito me emocionaram com suas palavras; a funcionária Karina - como sempre eficientíssima; Luciane e Amanda - igualmente dinâmicas e carinhosas; ao Dir. Delmar, por abrir o espaço da Faccat para esse lançamento e por suas palavras de incentivo.

      A "Vovó Sinistra" agradece e deseja, pela simbologia das flores que a sua criadora aqui recebeu, o seguinte a todos vocês...


Flores do campo, com nossos desejos de eterna juventude e simplicidade para olhar, sempre, com bons olhos a vida...


Gérberas, lindas e abertas como o sol, simbolizando a alegria desse momento - para que se estenda e se estenda...

Kalanchoe, desejando sucesso e fortuna a todos...

Ciclâmen, a alegria em pétalas...

Rosas vermelhas, a paixão pela escrita, pela vida, pela palavra (como)vida...

Estrelícia, a admiração e o reconhecimento pelas conquistas - as nossas e as alheias...


Azaleias, com o desejo de boa sorte...

quarta-feira, 15 de junho de 2011

Congresso Nacional do Medo - versão 5 - outro final

A Cuca estava nervosíssima. Era preciso fazer alguma coisa. A data fatídica aproximava-se. Pensou, pensou. Pegou papel e carvão. Enviou o seguinte caldeirãorograma:



CONVOCAÇÃO



Reunião em Brasília, no Congresso Nacional, em 30 de outubro, meia-noite.

Assunto: Halloween, perigo iminente.

Maleficamente,

Dona Cuca

Rainha Suprema da AMACB



Do lado de lá do caldeirão, receberam o caldeirãorograma todos os associados da Associação Brasileira de Monstros Assustadores de Crianças do Brasil: a Mula-sem-cabeça, o Caipora, o Bicho Papão, o Velho do Saco, o Saci... No entanto, a correspondência demorou mais para chegar a alguns parentes – a Boiúna, o Cabeça de Cuia, o Cumacanga, o Mapinguari... Afinal, ir do Capoeirão dos Tucanos até a Amazônia não é café com bolinho nem para caldeirãorogramas...

Na data e no horário marcados, todos estavam lá. Só o Velho do Saco atrasou-se. O saco estava cheiíssimo. A Cuca conclamou:

- Vamos abrir os trabalhos cantando nosso hino.

Nana, neném

Que a Cuca vai pegar

Papai foi na roça

Mamãe foi visitar.

Que bicho é aquele

Que está em cima do telhado...

A essa altura do hino, a confusão sempre se armava em todas as assembleias da AMACB. Todos queriam ser o bicho que está em cima do telhado! A falação só parou quando a Cuca berrou:

- Isso é sério! Estamos na véspera de mais um Halloween e...

- ... E nem nos convidaram, né, prima? – Riu-se a Iara.

O Saci interveio:

- Sem brincadeirinhas, primas! O fato é que as crianças não têm mais medo da gente. Algumas sequer sabem que existimos...

O Mapinguari, com suas três bocas, esquentou-se:

- Ora, Saci, quem é você para reclamar? Um privilegiado! Seu Lobato te retratou. Eu que sou do Centro-Oeste nem apareço...

A Iara completou:

- O fato é que as crianças não têm medo mais de nada. Acham que podem fazer o que querem e não vão ter castigo. Estão ficando mais capetas do que o Saci Pererê...

- E eu não admito concorrência desleal! – Gritou o Saci.

A discussão acirrou-se. Entre planos e mais planos, não notaram que o Velho do Saco arrastava seu enorme saco para o meio do salão. Foi então que ele anunciou:

- A solução está dentro desse saco!

De dentro do saco, saiu um bando de crianças morenas, loiras, ruivas, negras, de olhos puxados, de olhos redondos, pequenas, grandes, baixas, altas, magras e gordas... do jeitinho misturado do nosso Brasil. Estavam todas abraçadinhas, tremendo...

- Vamos agora fazer a festa de Halloween mais radical que essas crianças já viram! – Propôs o Velho do Saco. – E depois, elas contarão a todos o quanto nós somos legais e assustadores.

- Halloween, não! Festa dos Monstros Assustadores do Brasil! – Corrigiu a Cuca.

Num passe de mágica, a Cuca tirou de seu caldeirão os doces mais gostosos que existem: pé-de-moleque, cocada, quindim... Até canjica bem quentinha e perfumada com canela! Tudo muito delicioso, servido em assustadoras cumbucas de cuia e casca de coco. Para decorar, terríveis carrancas vindas da proa de barcos do Rio São Francisco.

A criançada não queria comer. E se todas aquelas gostosuras estivessem envenenadas? O Saci deliciava-se com o banquete e advertiu:

- Se vocês não se apressarem, vou comer tudo sozinho!

A Iara começou a cantar; o Cumacanga, a batucar. Não teve medo que resistisse: a criançada se divertiu a valer! Dançou, pulou, empanturrou-se. No final, quando entravam no saco para serem devolvidas as suas casas, o Caipora fez questão de lembrar:

- E não esqueçam de dizer o quanto somos assustadores!

E a Cuca ameaçou:

- Se não fizerem isso, terão as dores de barriga mais doídas da história das crianças empanturradas!

Foi o que elas fizeram. Afinal, quem é tão maluco a ponto de desobedecer a uma ordem da bruxa mais terrivelmente legal do mundo?

terça-feira, 14 de junho de 2011

Congresso Nacional do Medo - versão 4 - mais um final diferente

A Cuca estava nervosíssima. Era preciso fazer alguma coisa. A data fatídica aproximava-se. Pensou, pensou. Pegou papel e carvão. Enviou o seguinte caldeirãorograma:



CONVOCAÇÃO



Reunião em Brasília, no Congresso Nacional, em 30 de outubro, meia-noite.

Assunto: Halloween, perigo iminente.

Maleficamente,

Dona Cuca

Rainha Suprema da AMACB



Do lado de lá do caldeirão, receberam o caldeirãorograma todos os associados da Associação Brasileira de Monstros Assustadores de Crianças do Brasil: a Mula-sem-cabeça, o Caipora, o Bicho Papão, o Velho do Saco, o Saci... No entanto, a correspondência demorou mais para chegar a alguns parentes – a Boiúna, o Cabeça de Cuia, o Cumacanga, o Mapinguari... Afinal, ir do Capoeirão dos Tucanos até a Amazônia não é café com bolinho nem para caldeirãorogramas...

Na data e no horário marcados, todos estavam lá. Só o Velho do Saco atrasou-se. O saco estava cheiíssimo. A Cuca conclamou:

- Vamos abrir os trabalhos cantando nosso hino.

Nana, neném

Que a Cuca vai pegar

Papai foi na roça

Mamãe foi visitar.

Que bicho é aquele

Que está em cima do telhado...

A essa altura do hino, a confusão sempre se armava em todas as assembleias da AMACB. Todos queriam ser o bicho que está em cima do telhado! A falação só parou quando a Cuca berrou:

- Isso é sério! Estamos na véspera de mais um Halloween e...

- ... E nem nos convidaram, né, prima? – Riu-se a Iara.

O Saci interveio:

- Sem brincadeirinhas, primas! O fato é que as crianças não têm mais medo da gente. Algumas sequer sabem que existimos...

O Mapinguari, com suas três bocas, esquentou-se:

- Ora, Saci, quem é você para reclamar? Um privilegiado! Seu Lobato te retratou. Eu que sou do Centro-Oeste nem apareço...

A Iara completou:

- O fato é que as crianças não têm medo mais de nada. Acham que podem fazer o que querem e não vão ter castigo. Estão ficando mais capetas do que o Saci Pererê...

- E eu não admito concorrência desleal! – Gritou o Saci.

A discussão acirrou-se. Entre planos e mais planos, não notaram que o Velho do Saco arrastava seu enorme saco para o meio do salão. Foi então que ele anunciou:

- A solução está dentro desse saco!

De dentro do saco, saiu um bando de crianças morenas, loiras, ruivas, negras, de olhos puxados, de olhos redondos, pequenas, grandes, baixas, altas, magras e gordas... do jeitinho misturado do nosso Brasil.

- Vamos agora fazer a festa de Halloween mais radical que essas crianças já viram! – Propôs o Velho do Saco. – E depois, elas contarão a todos o quanto nós somos legais e assustadores.

- Halloween, não! Festa dos Monstros Assustadores do Brasil! – Corrigiu a Cuca.

Num passe de mágica, a Cuca tirou de seu caldeirão os doces mais gostosos do Brasil: pé-de-moleque, cocada, quindim... Até canjica bem quentinha e perfumada com canela! Tudo muito delicioso, servido em assustadoras cumbucas de cuia e casca de coco. Para decorar, terríveis carrancas vindas da proa de barcos do Rio São Francisco.

A criançada se divertiu a valer! Dançou, pulou, empanturrou-se. No final, quando entravam no saco para serem devolvidas as suas casas, o Saci fez questão de lembrar:

- E não esqueçam de dizer o quanto somos assustadores!

E a Cuca ameaçou:

- Se não fizerem isso, terão as dores de barriga mais doídas da história das crianças empanturradas!

Bem que as crianças tentaram. Alguns coleguinhas acreditaram nelas. E tentaram de novo. E ainda tentam... Até hoje, tem uma delas, já grandona, que escreve para outras crianças, tentando dizer o quanto o pessoal da AMACB é legal, de verdade e.... assustador!

quinta-feira, 2 de junho de 2011

Congresso nacional do medo - versão "enxugada"

Reescrevi, pela quinta vez, o texto. Desta vez, cortando alguns dos excessos. Deve ter sobrado ainda algum excesso, mas daqui a alguns dias eu vejo...

Congresso Nacional do Medo


A Cuca estava nervosíssima. Era preciso fazer alguma coisa. A data fatídica aproximava-se. Pensou, pensou. Pegou papel e carvão. Enviou o seguinte caldeirãorograma:






CONVOCAÇÃO



Reunião em Brasília, no Congresso Nacional, em 30 de outubro, meia noite.

Assunto: Halloween, perigo iminente.

Maleficamente,

Dona Cuca

Rainha Suprema da AMACB






Do lado de lá do caldeirão, receberam o caldeirãorograma todos os associados da Associação Brasileira de Monstros Assustadores de Crianças do Brasil: a Mula-sem-cabeça, o Caipora, o Bicho Papão, o Velho do Saco, o Saci... Mas a correspondência demorou para chegar a alguns parentes – a Boiúna, o Cabeça de Cuia, o Cumacanga, o Mapinguari... Afinal, ir do Capoeirão dos Tucanos até a Amazônia não é café com bolinho nem para caldeirãorogramas...


Mesmo assim, na data e no horário marcados, todos estavam lá. A Cuca conclamou:


- Vamos abrir os trabalhos cantando nosso hino.


Nana, neném

Que a Cuca vai pegar

Papai foi na roça

Mamãe foi visitar.

Que bicho é aquele

Que está em cima do telhado...


A essa altura do hino, a confusão sempre se armava em todas as assembleias da AMACB. Todos queriam ser o bicho que está em cima do telhado! A falação só parou quando a Cuca berrou:


- Isso é sério! Estamos na véspera de mais um Halloween e...


- ... E nem nos convidaram, né, prima? – Riu-se a Iara.


O Saci interveio:


- Sem brincadeirinhas, primas! O problema é que as crianças não têm mais medo da gente. Algumas nem sabem que existimos...


O Mapinguari, com suas três bocas, esquentou-se:


- Ora, Saci, quem é você para reclamar? Um privilegiado! Seu Lobato te retratou. Eu que sou do Centro-Oeste nem apareço...


A Iara completou:


- Essas crianças de hoje não têm medo mais de nada. Acham que podem fazer o que querem e não vão ter castigo. Estão ficando mais capetas do que o Saci Pererê...


- E eu não admito concorrência desleal! – Gritou o Saci.


A discussão esquentou. Entre planos e mais planos, não notaram que alguém os espiava, até que um flash mais forte chamou-lhes a atenção.


O Saci, sempre bem esperto, apontou para um cantinho da sala:


- Olha lá, atrás da cortina! Um repórter!


Os olhos da Cuca brilharam: era a grande oportunidade da AMACB.


O repórter foi até a Cuca sem ninguém precisar levar. O Bicho Papão tentava explicar:


- Estamos aqui reunidos para achar uma saída para nossos maiores problemas: a concorrência com os monstros de Hollywood e a falta de crença das crianças.


O repórter abriu um sorriso malicioso:


- Então vamos fotografar esse momento!


No dia seguinte, os monstros esperavam pelos jornais. A Cuca se imaginava na capa, toda glamourosa. Quando o jornal chegou, pelas mãos furadas do Saci... nada de capa. Nem de contracapa. Só uma notinha bem pequena: “Congressistas vestem-se de seres do folclore nacional às vésperas do Halloween.”


Triste, o Tutu constatou:


- Não se faz mais sensacionalismo como antigamente!